segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Ele olharia pra mim e me acharia doida. Não. Ele me acha doida, repete isso inúmeras vezes ao dia, fala com os olhos piscando e deixa a sinceridade escrita naquele olhar doce e sonhador, me fala que é bom ser doido, gosta disso. Seja verdade ou não, o fato é que é bobagem carregar esse medo de felicidade. Minha vó sempre diz que a gente vive a vida procurando-a, mas na verdade ela fica depositada em varias coisas enquanto a vive e esquecemos-nos de abrir os olhos e nos dar conta que estamos diante da felicidade. Meus olhos estão abertos, bem abertos, quase sem querer piscar pra não deixar de enxergar por qualquer segundo. Tenho completa noção e certeza do que sinto e agora. Duas estão predominantes. Medo. Felicidade. Separados, juntos. Medo da felicidade. Talvez. Mas eu tenho certeza, que completa contradição, não, não me direi por contraditória. Ele diria "Não se deve ter medo da felicidade!" com aquele lindo olharzinho. Chamaria-me de doida. E iria me sorrir, e brilhar. Gosto daquele olhar, gosto daquele sorriso, me faz feliz. Gosto de roubar aqueles sorrisos posso estar sendo modesta ao assumir que estou ficando craque em roubá-los. Como é bom tê-los para mim. Guardo meu egoísmo dentro da gaveta e digo é muito bom ver aquele sorriso se mostrar sincero a todos, talvez ninguém ainda o tenha descoberto e concorde, mas hei que descobrirão. Sim, é isso. Sou a colecionadora de sorrisos mais feliz que existe. Fecharei os olhos e lembrarei-me de todos esses sorrisos que ficam dentro de uma caixa num armariozinho meio escondido. Talvez quando os abra ele estará ali, na minha frente pronto para ser roubado. Eu como sempre farei o que faço melhor. Roubarei. Mais de vinte e sete, dos melhores. Ou talvez abra e olhe em volta e uma realidade bem diferente estará diante dos meus olhos, dessas que não posso prever agora. Só que em mim vai ficar guardado cada um deles, ainda que não possa mais roubá-los. Incerteza. É disso que temos certeza. Lá venho eu e minha mania de contradição. Mas certamente temos incerteza do que me restará ao abrir os olhos e abandonar as lembranças desse tempo. Do tempo em que eu era a colecionadora de sorriso mais feliz. Tenho dito. Não sei quanto à felicidade. Eu sei dos sorrisos, esses estarão sempre aqui ainda que não mais possa mais roubá-los, guardados em um lugar onde apenas eu poderei apreciar. E não me olhem como egoísta, apenas consegui colecioná-los. E assim andarei, roubando esses tais sorrisos enquanto eu posso, ainda que não para sempre.